Aqui temos à esquerda o antigo Convento dos Marianos, e em cuja Igreja está desde há anos instalada a «Presbyterian Church».
O Convento dos Marianos, dos religiosos carmelitas descalços, foi fundado neste sítio em 1606, sobre chãos que aqui possuíam Vasco Fernandes César e Francisco Soares, foreiros das comendadeiras de Santos-o-Velho; começado a habitar em 1611, recebeu a invocação de N. Senhora dos Remédios. O Terramoto não o abalou muito. Em 1834, pela extinção das Ordens, ficou na Igreja, apenas um capelão, a Cerca foi alugada e depois vendida, e o Convento passou a servir de aquartelamento e depósito militar. Finalmente a própria Igreja foi posta em venda [em 1898] acabando por ser adquirida por ingleses protestantes [Igreja Evangélica Lusitana].
A fachada tem, como vês, um interesse relativo, mas não é trivial: pórtico com três colunas que dão para uma pequena galilé, velha torre sineira e ausência de cruz ao alto.
Nos claustros o chão é de túmulos, com lousas já de difícil identificação; numa delas se pode ler a data de 1610. Nas paredes das casa, hoje [1938] oficinas, abobadadas, e que há pouco receberam obras, agora vedadas do pátio, podemos ver algumas lápides.¹
A Igreja, no seu interior, é sóbria, de linhas simples. É formada e de uma só nave, com transepto, em forma de cruz. No centro eleva-se uma cúpula. O coro está completamente cortado da Igreja, excepto por uma janela larga.
Havia na Ig1eja, antigamente, sete capelas, com famosos trabalhos de talha e muito bem doirados, na primeira das quais, à direita de quem entra, estava a imagem da Senhora ido Carmo, e nas outras se adoravam imagens dos santos desta ordem. As imagens, dizem autores da época, eram de fina escultura e estavam bem tratadas, não se vendo em parte alguma a mais pequena parcela de poeira, tal era o cuidado e o desvelo dos monges carmelitas.²
Havia na Ig1eja, antigamente, sete capelas, com famosos trabalhos de talha e muito bem doirados, na primeira das quais, à direita de quem entra, estava a imagem da Senhora ido Carmo, e nas outras se adoravam imagens dos santos desta ordem. As imagens, dizem autores da época, eram de fina escultura e estavam bem tratadas, não se vendo em parte alguma a mais pequena parcela de poeira, tal era o cuidado e o desvelo dos monges carmelitas.²
Nota(s) No interior da antiga cerca, hoje delimitada por edifícios de habitação,
foram construídos diversos armazéns e fábricas, nomeadamente a Companhia Fabril de Loiça (Fábrica
Constância), aí instalada desde a sua fundação em 1836.
Mais recentemente alberga também ateliers de arquitectura e artes plásticas.
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Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VII, pp. 59-60, 1938.
² DAGGE, Guilherme de la Poer; VARNHAGEN, Adolfo – Convento de Nossa
Senhora dos Remédios dos frades Marianos em Lisboa, 1872.
Muitíssimo interessante. Obrigado
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