Friday 15 May 2020

Convento dos Marianos (N. S. dos Remédios)

Aqui temos à esquerda o antigo Convento dos Marianos, e em cuja Igreja está desde há anos instalada a «Presbyterian Church».
O Convento dos Marianos, dos religiosos carmelitas descalços, foi fundado neste sítio em 1606, sobre chãos que aqui possuíam Vasco Fernandes César e Francisco Soares, foreiros das comendadeiras de Santos-o-Velho; começado a habitar em 1611, recebeu a invocação de N. Senhora dos Remédios. O Terramoto não o abalou muito. Em 1834, pela extinção das Ordens, ficou na Igreja, apenas um capelão, a Cerca foi alugada e depois vendida, e o Convento passou a servir de aquartelamento e depósito militar. Finalmente a própria Igreja foi posta em venda [em 1898] acabando por ser adquirida por ingleses protestantes [Igreja Evangélica Lusitana].

Convento dos Marianos [post. 1872] 
Rua das Janelas Verdes
Passado o portão de ferro forjado, simples e  forte, seguem de ambos os lados da entrada
desta capela e paralelo ao sentido da rua, a  escadaria que em outro lance, paralelo ao primeiro,
atinge novamente o  centro da construção.
Francesco Rocchini, in Lisboa de Antigamente

A fachada tem, como vês, um interesse relativo, mas não é trivial: pórtico com três colunas que dão para uma pequena galilé, velha torre sineira e ausência de cruz ao alto.
Nos claustros o chão é de túmulos, com lousas já de difícil identificação; numa delas se pode ler a data de 1610. Nas paredes das casa, hoje [1938] oficinas, abobadadas, e que há pouco receberam obras, agora vedadas do pátio, podemos ver algumas lápides.¹

Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755, pormenor da Cerca e Convento dos Marianos
Rua das Janelas Verdes
 Os frades carmelitas tornaram-se conhecidos em Portugal pela designação de Marianos por causa do nome do primeiro prior Fr. Ambrósio Mariano de S. Bento.
Museu de Lisbo, in Lisboa de Antigamente

A Igreja, no seu interior, é  sóbria, de linhas simples. É formada e de uma só nave, com transepto, em forma de cruz. No centro eleva-se uma cúpula.  O coro está completamente cortado da Igreja, excepto por uma janela larga.
Havia na Ig1eja, antigamente, sete capelas, com famosos trabalhos de talha e muito bem doirados, na primeira das quais, à direita de quem entra, estava a  imagem da Senhora ido Carmo, e nas outras se adoravam imagens dos santos desta ordem.  As imagens, dizem autores da época, eram de fina escultura e  estavam bem tratadas, não se vendo em parte alguma a mais pequena parcela de poeira, tal era o cuidado e o desvelo dos monges carmelitas.²

Convento dos Marianos, delimitação do convento e cerca [1856]
Rua das Janelas Verdes
A
delimitação, a vermelho, do convento e cerca extintos em 1834.
Carta topográfica de Filipe Folque, 1857, in Lisboa de Antigamente
(clicar para ampliar)

Nota(s) No interior da antiga cerca, hoje delimitada por edifícios de habitação, foram construídos diversos armazéns e fábricas, nomeadamente a Companhia Fabril de Loiça (Fábrica Constância), aí instalada desde a sua fundação em 1836.  Mais recentemente alberga também ateliers de arquitectura e artes plásticas.
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Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VII, pp. 59-60, 1938.
² DAGGE, Guilherme de la Poer; VARNHAGEN, Adolfo – Convento de Nossa Senhora dos Remédios dos frades Marianos em Lisboa, 1872.

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