Lemos na Gazeta de Nuvens de José Gomes Ferreira: «Tão entranhadamente vivi a vadiagem por esses sítios que contínuo a considerá-los — desculpa, ó Alvalade! desculpa, ó Avenida de Roma! — a Lisboa verdadeira. Uma amálgama barulhenta de varinas, padeiros, homens de burrico, vendedeiras de azeitonas, suor luminoso ligado à caliça da paisagem por raízes de pregões, insultos de vinho fácil, meninas janeleiras à espera de cartinhas de desconhecidos, para namoros de estafermo, quiosques onde, nos intervalos das aulas, íamos comprar os tétés, como no meu tempo de menino chamávamos em Lisboa aos sorvetes, monotonamente fabricados em sorveteiras de manivelas emperradas, vozes roufenhas de tabernas, bêbados nocturnos no seu ritual de danças de insectos em redor de candeeiros — e as marchas de Santo António improvisadas, à última hora, nos pátios sem alegria pré-comandada.
Largo das Portas do Sol [ant. 1901| Topónimo evocativo da porta da Cerca Moura que ali se abria, é uma reminiscência da cidade medieval. Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente |
Parece ser esta a Lisboa que mais soa, que mais canta e menos berra, que mais entoa e menos buzina. E por entre esses sons se descortinam textos, melodias, ãs vezes poesia.
É a esta Lisboa que eu volto sempre, quando quero encher os olhos de Lisboa.
(FERREIRA, José Gomes (1900-1985), Gazeta de Nuvens, 1975)
N.B, Monumentos que se destacam neste Largo, além da magnifica vista sobre o Tejo: Igreja de S. Braz ou de Santa Luzia e Palácio do Largo das Portas do Sol que foi dos Viscondes de Azurara.
(FERREIRA, José Gomes (1900-1985), Gazeta de Nuvens, 1975)
N.B, Monumentos que se destacam neste Largo, além da magnifica vista sobre o Tejo: Igreja de S. Braz ou de Santa Luzia e Palácio do Largo das Portas do Sol que foi dos Viscondes de Azurara.
Largo das Portas do Sol |post. 1901| Topónimo evocativo da porta da Cerca Moura que ali se abria, é uma reminiscência da cidade medieval. Artur Bárcia, in Lisboa de Antigamente |
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