Dentro de poucos anos, Dilecto, — preconizava o ilustre Norberto de Araújo em 1939 — esta Rua das Amoreiras estará desfigurada no seu traçado; as transformações das cidades, riscadas em plantas, quando chega a hora das realizações fazem sempre vítimas: alguns prédios desta artéria, de um lado e outro, desaparecerão .
Pois bem, foi exactamente o que veio a suceder com o Palacete Marçal Pacheco — demolido na década de 1960 para lá se erguer o edifício ocupado pela Philips, hoje Hotel Dom Pedro — situado no antigo troço da velhinha Rua das Amoreiras [antiga Rua direita de S. João dos Bem Casados], antes daquela ser cortada pela actual Avenida Engenheiro Duarte Pacheco e ter mudado a denominação para Rua Prof. Sousa da Câmara (1971) [vd. carta topográfica mais abaixo].
O palacete mais vistoso desta Rua [das Amoreiras] — prossegue Norberto de Araújo — é aquele que se situa do lado oriental, construção do século passado [XIX], entre uma faixa de mata arborizada ainda. Pertencente a umas senhoras Pachecos, por transmissão de Marçal Pacheco, e foi antes de José António de Carvalho. Em 1916 esteve nele instalada a Legação de Espanha, e era em 1919 moradia de Carlos Bleck, voltando depois a servir de Legação, do Uruguai [e/ou Argentina?]. Esteve depois alguns anos ao abandono, e em 1937 instalou-se neste palacete a Direcção Geral dos Serviços Florestais e Agrícolas, vinda do edifício do Terreiro do Trigo. Possui algumas salas interessantes mas sem pormenores de arte pura. Do lado oposto existiu o Horto de Marcolino Teixeira Marques, que ocupava a faixa da rua, onde se ergueram (1935-36) aqueles prédios modernos e altivos que vês, e se estendia pelos terrenos da Casa Anadia.¹
Palacete Marçal Pacheco [c. 1966] Esquina da Avenida Engenheiro Duarte PachecoAvenida Engenheiro Duarte Pacheco com a Rua das Amoreiras [hoje Rua Prof. Sousa da Câmara]. Artur Bastos, in Lisboa de Antigamente |
A propósito do historial toponímico da Rua das Amoreiras, vale a pena ler o que diz o livro Chorographia Moderna Do Reino De Portugal publicado em 1876. Reza assim:
«Por baixo do dito arco [das Amoreiras] passa uma larga rua a que dava nome, a qual do Largo do Rato, e quasi parallela á da Fabrica da Loiça e ao longo da dita Praça das Amoreiras, conduz para as alturas de Campolide, tomando mais acima o nome de Rua [direita] de S. João dos Bem Casados. Hoje uma e outra tem o nome de Rua das Amoreiras, a qual começa no Largo do Rato e acaba na porta da cidade chamada do Alto do Carvalhão [actual Rua D. Carlos de Mascarenhas].²
Bibliografia
¹ ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XI, pp. 80-81, 1939.
² BAPTISTA, João Maria, Chorographia Moderna Do Reino De Portugal, vol. 4, 1876.
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