Sunday 11 August 2019

Mercados do Poço dos Mouros e de Arroios

Construído em 1942 pela “Sociedade de Construções Amadeu Gaudêncio” e projectado pelo arquitecto Luiz Benavente, o Mercado de Arroios veio substituir o antigo Mercado do Poço dos Mouros considerado anti-higiénico — ou mesmo "infecto" —, no dizer de alguns.

Classificado inicialmente como mercado retalhista, mais tarde desempenhou as funções de mercado abastecedor de legumes, passando á categoria de mercado misto:
“Dispunha de 31 lojas destinadas a talhos, salsicharias, venda de frutas, lacticínios, etc., e de 300 lugares de venda. No subsolo foram instalados um matadouro de aves, tulhas, cantinas e frigoríficos, para carne, peixe, caça, aves, frutas, hortaliças. Aqui também existem lavabos e chuveiros para utilização dos vendedores, público e pessoal; arrecadação para produtos e vestuários dos vendedores, devidamente numerados e uma cantina.” [Leite: 2012]

Mercado do Poço dos Mouros, inaugurado em 1927 |1927-06-20|
Rua Morais Soares com a Rua Carvalho Araújo (antiga Azinhaga do Areeiro)

Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente
Mercado do Poço dos Mouros, inaugurado em 1927 |1939|
Rua Morais Soares com a Rua Carvalho Araújo (antiga Azinhaga do Areeiro)

Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

O Mercado de Arroios situa-se entre as ruas Carlos Mardel e Ângela Pinto. Com projecto do arquitecto Luís Benavente, datado de 1942, destinou-se a servir um dos bairros então em maior expansão demográfica da capital: o que ligava a cidade da viragem para o século XX (em torno de Arroios) com as novas áreas em redor da Fonte Luminosa e do Bairro dos Actores. Implanta-se na principal praça deste último bairro, dominando funcionalmente este segmento urbanístico a ponto de determinar a equipamentos comerciais nas ruas adjacentes. A partir da década de 1980, e à semelhança de muitos outros mercados tradicionais, entrou em decadência progressiva, ameaçado pelas grandes superfícies comerciais e pela redução drástica de produção local em torno de Lisboa, facilitada pelo avanço dos subúrbios e pela conversão profissional de largas faixas da população. Permanece, todavia, como um dos mercados de referência da zona oriental.


Mercado de Arroios |194-|
Rua Ângela Pinto
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

O edifício segue uma planta centralizada, cujos lados são organizados uniformemente em alçados de quatro pisos, progressivamente mais pequenos à medida que se aproxima a cobertura. O registo térreo é formado por grandes arcadas de lintel recto, cobertas por superfícies de vidro que formam montras de estabelecimentos comerciais do interior. Quatro delas (abertas segundo os pontos cardeais) são as entradas principais, encimadas axialmente por brasões municipais. Os panos do segundo piso são rasgados por conjuntos de cinco janelões, solução que se repete nos dois últimos pisos, embora recorrendo a vãos mais pequenos.
O interior possui dois pisos, fazendo-se a ligação através de escadarias na quadra central. Aqui, no piso inferior, dispunham-se originalmente as floristas, enquanto as vendedoras de verduras e de frutas ocupavam a grande galeria circular junto às portas. O andar superior era reservado ao comércio de peixe. ~
[ALMEIDA, Álvaro Duarte de, Portugal património: Lisboa, 2007]

Mercado de Arroios |1942|
Rua Ângela Pinto
in Revista municipal Lisboa

Depois de dois anos de obras de requalificação e cerca de um milhão de euros depois, o Mercado de Arroios reabriu em 2017 apresentado à freguesia de cara lavada. Os postos de venda foram remodelados, o pavimento substituído e o interior pintado. Há uma nova rede de águas e melhorias na mobilidade (rampas e novos elevadores). O final desta requalificação acontece no ano em que se celebra o 75º aniversário da construção do mercado, classificado nos anos 80 como edifício com interesse cultural.
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Bibliografia
cm-lisboa.pt.
Revista municipal Lisboa, 1941.

1 comment:

  1. Excelente imagem aérea (a última deste post),parece ser tirada do lado da av Almirante Reis.

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