Sunday, 26 January 2025

O Hotel Frankfort de «Santa Justa»

Ora, Dilecto, enfiemos pela esquerda da Rua de Santa Justa, onde, n.ºˢ 70-72, está o Hotel Francfort (de Santa Justa, chamado).
Este Hotel, mais antigo do que o seu irmão do Rossio, foi fundado em 1867, por D. Joaquim Silva, e coube em partilhas a um filho, João Narciso da Silva, já falecido, como o do Rossio coube a Artur Silva, outro irmão. Por morte, o ano passado (Setembro 1938) ) da viúva de João Narciso, a propriedade do Hotel transitou para herdeiros menores; o estabelecimento que desde 1932 está em regime de administração, consequência de uma crise comercial, é hoje dirigido por Vítor Marques Simões, representante dos credores, e parente das duas crianças, herdeiras.

O Hotel Frankfort de «Santa Justa» |190-|
Rua de Santa Justa, 70-72 com a Rua Augusta
Situado no Centro da Cidade Instalações Modernas Recomendado para Grupos
e Excursões Preços desde Esc. 30$00 - 150 Quartos.
Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente

O Hotel foi muito ampliado e beneficiado em 1914, e ocupa dois prédios, ambos da Condessa de Casal Ribeiro, um com frente para a Rua de Santa Justa e laterais para as Ruas Augusta e do Arco Bandeira [actual dos Sapateiros], e outro nesta última rua. 
Nota(s): encerrou no final da década de 1970.

O Hotel Frankfort de «Santa Justa» |1914|
Frentes sobre as ruas de Santa Justa e dos Sapateiros.
Pires Marinho, in Lisboa de Antigamente

 — Esse Sanches Lucena é um idiota! Ora que arranjo fará a esse homem, aos sessenta anos, ser deputado, passar meses em Lisboa no Francfort, abandonar as propriedades, deixar aquela linda quinta... E para quê? Para rosnar de vez em quando "apoiado"! Antes ele me cedesse a cadeira, a mim, que sou mais esperto, não possuo grandes terras, e gosto do Hotel Bragança. (Eça de Queiroz, ln A Ilustre Casa de Ramires, 1900)

O Hotel Frankfort de «Santa Justa», salão de jantar e vestíbulo |1914|
E na Baixa, no «Francfort de Santa Justa, que arvorava, por então, a pequena fama de um hotel correcto (...), uma população heteróclita arrastava-se, lá ao fundo, na sala de pavimento de mosaico poligonado, abandonando-se nos cadeirões de couro negro , entre a exuberância dos ramos das aspidistras». [Cláudio: 1992]
Pires Marinho, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 53 1939.
A Arquitectura portuguesa ; revista mensal da arte arquitectural antiga e moderna, 1914.

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