Estamos na pequena artéria que se chama, desde 1551 pelo menos, Rua (de Afonso) de Albuquerque, e que anteriormente era a Rua dos Arcos. [Araújo, X, 1939]
Informa o autor de Lisboa de Lés-A-Lés, Luiz Pastor de Macedo que « Já assim era denominada em 1554, tendo em tempos anteriores o nome de rua dos Arcos. Deram-lhe também a denominação de rua da Casa dos Bicos, segundo dois assentos paroquiais, um de 1605 e outro de 1606 e algumas vezes apontada sob o nome de rua das Canastras (1587-1600), por influência da serventia pública, propriamente com este nome, que lhe ficava vizinha. Desde 1661 designaram-lhe simplesmente por rua do Albuquerque e assim chegou até ao terremoto.
Depois tendo com o novo plano da cidade desaparecido a rua das Canastras, esta denominação passou para serventia que nesse tempo era conhecida por rua do Almargem e este escorregou para a rua do Albuquerque. A mudança, porém, só se deu depois de 1781, porque neste ano ainda se dizia: «...na rua do Albuquerque junto ás portas do Mar...» [...]
Ao fundo, a Rua Afonso de Albuquerque vista do Arco das Portas do Mar [1945] Ao centro, as Escadinhas das Portas do Mar e, à esq., a Rua das Canastras. Martinez Pozal, in Lisboa de Antigamente |
Correram anos. Em 9 de Fevereiro de 1882, por proposta do vereador Leça da Veiga, aprovada na sessão camarária daquele dia, a rua designada então sob o nome de Almargem passou outra vez a chamar-se de Afonso de Albuquerque.[...] O Afonso de Albuquerque que deu o nome à rua do século XVI, foi Braz de Albuquerque que trocou o seu nome de baptismo pelo do seu pai, conforme o determinou el-rei D. Manuel para honrar a memória do grande vice-rei da Índia. Braz de Albuquerque viveu na Casa dos Diamantes ou dos Bicos, mandada por ele construir, a qual tinha (e tem) duas faces livres que caíam, uma, a sul, sobre a praça [da Ribeira Velha] que se abria a oriente da rua da Porta do Mar (parte da actual rua dos Bacalhoeiros) e outra, a norte, sobre a rua dos Arcos [...].
Pátio Afonso de Albuquerque [1899] Final da Rua Afonso de Albuquerque; à esq., a Travessa do Almargem; ao centro observa-se a mina abastecedora de água para a antiga bica da Alfândega (local de entrada da galeria); ao fundo à dir. desemboca o Arco da Conceição que liga com a Rua dos Bacalhoeiros. Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente |
Por este motivo e seguindo uma praxe estabelecida pelo povo — a de designar as serventias públicas, quando com nome de indivíduos, pelos dos seus moradores que por qualquer razão se tornaram mais notados — a rua passou a denominar-se de Afonso de Albuquerque.==
Rua Afonso de Albuquerque junto à Casa dos Bicos [1940] Na direcção das Escadinhas das Portas do Mar e da Rua das Canastras. Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
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