O antigo Palácio dos copeiros-mores, dito Palácio Coimbra (e melhor estaria a denominação de Palácio do «Braço de Prata»), situa-se na Rua de Santa Apolónia, onde o portal nobre tem o n.º 53, e constitui um quadrilátero, cuja fachada principal está orientada a Poente.
Há um século e pouco [c. 1850] as águas do rio chegavam ao jardim a Nascente do palácio, e do lado Sul havia um embarcadouro.
O antigo palácio, ou palacete, da Rua de Santa Apolónia — a que chamam o Palácio Coimbra — já existia no terceiro quartel do século XVII, pois em 1688 foi incluído num morgado instituído por António de Sousa de Meneses, denodado militar que foi capitão-mor das naus da Índia, governador e capitão general do Brasil, onde perdera um braço em combate com os holandeses, em 1688. Era este homem filho de Francisco de Sousa de Meneses, 1.º copeiro-mor em tempos do Cardeal D. Henrique, e de seu pai lhe chegaram às mãos o palácio de Santa Apolónia e a quinta dos Olivais. que veio a chamar-se do «Braço de Prata», e deu nome ao sítio. [...]
Palácio dos Copeiros-Mores, portal e andar nobre da fachada |1941| Rua de Santa Apolónia, 53 Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente |
Transmitia-se o morgado depois para a descendência de outra irmã do fundador, D. Maria Henriques, filha do primeiro casamento do 1.º copeiro-mor, e irmão do 2.º, Jorge de Sousa de Meneses, senhora casada com D. João Carcomo Figueiroa; depois ainda morgado e palácio transitaram para a descendência daquele 2.º copeiro-mor, Jorge de Sousa de Meneses, vindo a cair, em 1806, e após uma demanda com a 2.• Marquesa de Belas, D. Constança Manuel de Meneses (a qual- se arrogava direito à sucessão no morgado) em D. António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha, 9.• copeiro-mor, 7.º Conde e 1.º Marquês de Vila Flor, mais tarde Duque da Terceira, e que ao tempo contava 2 anos de idade. Este fidalgo e célebre político vendeu o palácio, em meados do século passado [XIX], a um abastado negociante de Lisboa, João Pedro da Costa Coimbra, morador ao tempo na Rua da Penha de França.
Foi a este Coimbra que, em 1862, adquiriu a propriedade por 19 contos, e ainda 6 contos de desvinculação, a Real Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que do edifício e jardins tomou posse em 10 de Fevereiro daquele ano. A denominação de «Palácio Coimbra», que é do século passado, manteve.se, e ainda hoje [1950] perdura nas referências da Companhia. [...]
O palácio, que pouco sofreu pelo Terramoto — era então do dr. Luís Diogo Lobo da Silva — , beneficiou de restauros no decorrer dos séculos XVIII e XIX; com as obras de adaptação promovidas pela Real Companhia de Caminhos de Ferro Portugueses, e que nos últimos anos tem continuado, ficou interiormente muito desfigurado, perdendo o seu velho carácter. É ocupado por escritórios da C. P. e, em parte dele, residem funcionários da Companhia.==
Palácio dos Copeiros-Mores, portal e andar nobre da fachada |1968| Rua de Santa Apolónia, 53 Nota(s): ou do Capoeiro-Mor como o designam os incompetentes do arquivo camarário. Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente |
Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1950.
Ou como se diz o arquivo: "Palácio do Capoeiro-Mor", ou seja, aquele que "Praticar capoeira".
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