Se o leitor alguma vez passar no largo actual do Borratém — diz Mestre Castilho, a quem vamos sempre seguindo — , há-de reparar num grande arco ogival de forte cantaria, que lá está, poucos metros desviado da esquina do beco dos Surradores. Havia, junto desse, outro, de diversa altura, muito característico; desapareceu na reconstrução do prédio em Fevereiro e Março de 1871. Felizmente copiei-os [vd. imagem abaixo] eu ambos, e conservo-os. [...]Quanto a mim (salvo melhor juízo) a casa onde habitou João das Regras, a casa onde habitaram muitos dos seus sucessores, não é aquela.(CASTILHO, Júli de o, Lisboa Antiga-Bairros Orientaes,Tomo.II, 1884)
Esta casa, situada no Poço do Borratém, é tradicionalmente referida como a Casa de João das Regras, e embora não exista qualquer prova documental, é comum mencionar-se que o jurista português, apoiante de D. João I, viveu neste edifício.
Depois do terramoto de 1755, que destruiu grande parte do edifício primitivo, a casa foi reconstruída, mantendo-se apenas a arcada gótica do conjunto. Em 1851, um dos arcos foi demolido, subsistindo dois. Actualmente persiste apenas um arco ogival no piso térreo.
De planta rectangular, a Casa de João das Regras destaca-se pela verticalidade da estrutura, dividida em quatro pisos acrescentados por águas-furtadas. No piso térreo, inscreve-se o grande arco de ogiva, que permite o acesso ao interior, emoldurando uma porta com montras e janela superior. Os três pisos superiores têm igual composição, com duas janelas de sacada e respectivo varandim de ferro em cada um.
Nota(s): O espaço é hoje utilizado para diversos fins, estando sediada uma loja no andar térreo, e vários serviços administrativos nos andares superiores. [DGPC]



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