Friday, 6 September 2024

Pátio do Pimenta

Na casa cujo piso térreo aqui se vê à dir. com o novo nº de policia «1», morou Almeida Garrett, em 1836, «na casa que fica á esquerda, entrando, com um jardinzlnho do lado de oeste, e tem o n.º 13-A. Casa pequena, mas bonita, contornada com arbustos e flores, tendo uma linda vista sobre o Tejo».

Vítor parou, resolveu esperar. A chuva caía e, envergonhado do cocheiro, tinha-se refugiado à esquina, na Calçada do Pimenta; não tirava o olhar da janela mas nenhuma mulher passava sob a vidraça da janela; e a luz, um pouco fraca, parecia ser das velas sobre o toucador. [QUEIROZ, Eça de, Tragédia da Rua das Flores, 1877]

 

Pátio do Pimenta com Rua do Ataíde que desce ao fundo, passado o arco. |1954-10|
 Na casa cujo piso térreo aqui se vê à dir. com o novo nº de policia «1», morou Almeida Garrett, em 1836, «na casa que fica á esquerda, entrando, com um jardinzlnho do lado de oeste, e tem o n.º 13-A. Casa pequena, mas bonita, contornada com arbustos e flores, tendo uma linda vista sobre o Tejo».
Eduardo Portugal, in Lisboa de Antigamente

Eça de Queiroz chamou à Rua do Ataíde «Calçada do Pimenta». No cimo desta Calçada existe, de facto, o chamado «Pátio do Pimenta», onde morou o sobrinho de Almeida Garrett, companheiro do cunhado de Eça, o conde de Resende, e participante da verdadeira tragédia da Rua das Flores com Vieira de Castro. Descobrindo este que a mulher o enganava com o sobrinho de Garrett, resolveu matá-la, o que fez sufocando-a com uma almofada.
O pátio do Pimenta, ainda hoje existente, encontrava-se aí demarcado, podendo assim concluir-se que a «Calçada do Pimenta» referida por Eça era a Rua do Ataíde, já com essa designação no tempo do romancista, à esquina da qual se localizava o andar onde Genoveva se suicidaria.

7 comments:

  1. Interessante. Mais um local que foi buscar o topónimo a um antigo morador de algum relevo, digo eu.

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  2. a casa ainda lá está, é aquela branquinha encostada ao arco. o google não entra no pátio. ora espreite https://maps.app.goo.gl/xuEehr76ZxFxEWQm8
    cumps :)

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  3. Obrigada pela sua publicação e por mais uma curiosa estória sobre Lisboa.

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  4. É bom saber dos nossos antepassados e o saber mais não ocupa lugar.

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  5. Belíssimo texto informativo. Obrigada

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