Dias de calor horrível, logo desde manhã abrasando — escrevia João da Camara em O Occidente nos idos de Agosto de 1898. Não bole uma folha nas árvores; n'ellas se não ouve o pio d'um pássaro. O catavento imóvel aponta para leste. Todos ofegantes suspiram para que chegue a tarde. Calam-se todas as paixões, apaga-se nos cérebros o pensamento O capilé é rei, a cerveja imperatriz. Enquanto quase todos sofrem, folgam apenas os donos de cafés e as limonadeiras do Rocio.
Praça Luís de Camões, 41 |1929| [Junto à Rua das Gáveas] Antigo Capilé do Camões, uma verdadeira loja de conveniência: há lá coisa melhor que um capilé, ou uma carapinhada, para 'empurrar' uns pastéis de Belém. Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente |
Fim de Agosto. Lisboa é como morta, dormindo a longa sesta. De quando em quando, abre um olho para ver um simulacro de toirada, move uma perna em direcção a um arraial; mas não são movimentos voluntários: apenas uns espreguiçamentos.
E quem fala é só para queixar-se. A enfiada dos lugares comuns: Que tempo horrível! — Mil vezes o Inverno, — Fins d'Agosto são sempre assim. — Antes na África.==
Era o capilé a groselha, e limonada.
ReplyDeletetradicional refrigerante português feito com água , xarope de capilé obtido pelo cozimento das folhas da avenca com açúcar - e casca de limão .
ReplyDeleteNão bebia mas lembro
ReplyDelete