Sunday, 19 December 2021

Liceu D. Filipa de Lencastre

No coração deste Bairro do Arco do Cego se construiu o novo Liceu D. Felipa de Lencastre. Vale uma visita.
O Liceu D. Felipa de Lencastre foi criado em 1928 — recorda o ilustre Norberto de Araújo — , e funcionou primeiramente no Palacete Corte Real (onde fora a Nunciatura) na Rua do Quelhas, 36, passando em 1936 para a Rua de S. Bernardo, 16, de onde para aqui foi transferido.
As primeiras aulas no edifício novo que temos à vista efectuaram-se em 14 de Novembro de 1938.

Liceu D. Filipa de Lencastre [1958]
Avenida Magalhães Lima, Arco do Cego
No ano lectivo 1940/1941 funcionou com 712 alunas.
Salvador de Almeida Fernandes, in Lisboa de Antigamente

O Liceu feminino de D. Felipa de Lencastre é, nas suas instalações, talvez o melhor do país, pois obedece já à arquitectura pedagógica, e satisfaz condições que em 1906, quando se levantaram os liceus modernos, por João Franco, não eram ainda exigidas. Foi arquitecto do edifício Jorge Segurado.
O Liceu, com dois pavimentos, é constituído, como vês, por um vasto quadrilátero, e compõe-se, pois, de quatro alas, servidas por um pátio ou claustro, em parte coberto. A Sul prolonga-se um corpo distinto, rectangular, no qual foram, instalados o ginásio e o balneário.

Liceu D. Filipa de Lencastre [1962-07]
Avenida Magalhães Lima, Arco do Cego
Artur Goulart,  in Lisboa de Antigamente

A fachada do Liceu oferece-se original e elegante, em rotunda e as fachadas laterais, largamente envidraçadas, dão um conjunto lavado desafogado, sem aspecto de casarão maciço. O átrio, todo de mármore, é muito belo.
Possui o Liceu 28 salas de aulas, duas das quais em anfiteatro, galerias, terraços, museu, laboratórios, biblioteca, refeitório, salas de conselho, de professores, e de secretarias.
   
Fotografia aérea do Bairro Social do Arco do Cego, Praça de Londres e Avenida de Roma [1953]
Na esq. baixa observa-se o Liceu D. Filipa de Lencastre.
Mário de Oliveira, in Lisboa de Antigamente

N.B. O Liceu D. Filipa de Lencastre, foi baptizado em sua honra. Esposa de D. João I e rainha de Portugal entre 1387 e 1415, nasceu em Inglaterra em 1360, filha de João de Gante, 1.º Duque de Lencastre.
Nada se sabe da sua vida até à altura do casamento com D. João I, que se efectuou no Porto, em 2 de Fevereiro de 1387, e que é considerado ilegítimo até 1391, altura em que uma bula papal autoriza o casamento do Mestre de Avis, que era eclesiástico. Dessa união nasceram oito filhos — a "Ínclita Geração", como lhe chamou Camões — , de entre os quais se destacam D. Duarte, futuro rei, o infante D. Pedro, o das "Sete Partidas", o infante D. Henrique, "o Navegador", e D. Fernando, o "Infante Santo". Ignora-se qual o papel que teve na educação dos filhos.
D. Filipa de Lencastre (Philippa of Lancaster) faleceu de peste bubónica em 18 de Julho de 1415, no Convento de Odivelas, na véspera da partida da expedição a Ceuta, estando sepultada no Mosteiro da Batalha. [infopedia]
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Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, pp, 74-75, 1939.

3 comments:

  1. A segunda foto é certamente posterior a 1959, ano de lançamento do Mini visível ao centro.

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  2. Porque vosso laboratório de Física/Química não tem o nome de Adelaide Nunes da Graça, lutadora pela Liberdade, nos tempos de Salazar? Liceu esqueceu os seus professores perseguidos?

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