Sunday 9 February 2020

Dispensário Rainha D. Amélia (ou de Alcântara)

A construção deste Dispensário para Tuberculosos corresponde a uma iniciativa da Rainha D. Amélia e tinha como objectivo o amparo e tratamento de crianças e jovens atingidos por esta grave doença. No local fornecia-se aos internados a assistência médica e medicamentosa necessária. O apoio aos doentes ficava ainda a cargo de uma comunidade religiosa as Irmãs Missionárias que habitavam um edifício anexo localizado a Oeste do Dispensário e que correspondia à antiga casa do Vigário do Convento de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento de Alcântara. Curiosamente, esta comunidade ainda se mantém no local.

Dispensário Rainha D. Amélia (ou de Alcântara) |c. 1949|
Rua Tenente Valadim, (ste troço está hoje integrado na Av. Infante Santo) no cruzamento com a Rua do Sacramento A Alcântara e Calçada Pampulha: abertura Av. Infante Santo, rasgada no final da década de 1940.
Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente

O edifício designado como "Dispensário de Alcântara" ou "Dispensário Rainha D. Amélia", localiza-se num gaveto entre a Avenida Infante Santo e a Rua Tenente Valadim. Trata-se de uma construção mista de ferro e alvenaria de pedra construída de raiz nos finais do século XIX (1893) apresentando uma planta quadrangular em torno de um pátio central iluminado por claraboia em vidro. No exterior, pintado a ocre, rasgam-se diversos janelões dispostos ao alto, quer simples quer duplos, rematados superiormente por vergas que se prolongam nas ombreiras. Uma moldura saliente seguida de platibanda marca todo o perímetro superior das fachadas.
De destacar a presença de um soco em pedra bujardada onde, na secção inferior, se abrem pequenas janelas rectangulares que na fachada defronte à Avenida são de diminutas dimensões mas na Rua Tenente Valadim assumem uma maior expressão apresentando vergas em arco. Ainda na fachada principal, virada à Avenida, surge uma porta destacada ao centro com arco de volta inteira inserida num pórtico em arco abatido sobre o qual se inscreve a designação do edifício. Nesta fachada observam-se também dois corpos laterais salientes, tipo torreão, coroados por frontões onde se inscrevem janelões semicirculares.

Dispensário Rainha D. Amélia (ou de Alcântara) |190-|
Rua Tenente Valadim, (este troço está hoje integrado na Av. Infante Santo)
Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente

No interior a compartimentação é feita através de paredes de alvenaria e tabique apresentando lambris de azulejo alusivos às funções de cada espaço. No quadrante Oeste o pavilhão prolonga-se apresentando, ao nível do piso superior, um terraço virado ao Tejo onde os doentes iam igualmente para usufruir dos bons ares.
Trata-se assim de um imóvel de relevante interesse patrimonial onde a configuração arquitectónica se adequa exemplarmente às funções — cuidados de saúde — algo que na época era bastante inovador.
Infelizmente hoje o edifício encontra-se em avançado estado de degradação não se sabendo ainda qual será o seu destino. [DGCP]

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