A construção deste Dispensário para Tuberculosos corresponde a uma
iniciativa da Rainha D. Amélia e tinha como objectivo o amparo e
tratamento de crianças e jovens atingidos por esta grave doença. No
local fornecia-se aos internados a assistência médica e medicamentosa
necessária. O apoio aos doentes ficava ainda a cargo de uma comunidade
religiosa as Irmãs Missionárias que habitavam um edifício anexo
localizado a Oeste do Dispensário e que correspondia à antiga casa do
Vigário do Convento de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento de Alcântara. Curiosamente, esta comunidade ainda se mantém no local.
Dispensário Rainha D. Amélia (ou de Alcântara) |c. 1949| Rua Tenente Valadim, (ste troço está hoje integrado na Av. Infante Santo) no cruzamento com a Rua do Sacramento A Alcântara e Calçada Pampulha: abertura Av. Infante Santo, rasgada no final da década de 1940. Judah Benoliel, in Lisboa de Antigamente |
O edifício designado como "Dispensário de Alcântara" ou "Dispensário
Rainha D. Amélia", localiza-se num gaveto entre a Avenida Infante Santo e
a Rua Tenente Valadim. Trata-se de uma construção mista de ferro e
alvenaria de pedra construída de raiz nos finais do século XIX (1893)
apresentando uma planta quadrangular em torno de um pátio central
iluminado por claraboia em vidro. No exterior, pintado a ocre, rasgam-se
diversos janelões dispostos ao alto, quer simples quer duplos,
rematados superiormente por vergas que se prolongam nas ombreiras. Uma
moldura saliente seguida de platibanda marca todo o perímetro superior
das fachadas.
De destacar a presença de um soco em pedra bujardada
onde, na secção inferior, se abrem pequenas janelas rectangulares que na
fachada defronte à Avenida são de diminutas dimensões mas na Rua Tenente Valadim assumem uma maior expressão apresentando vergas em arco. Ainda
na fachada principal, virada à Avenida, surge uma porta destacada ao
centro com arco de volta inteira inserida num pórtico em arco abatido
sobre o qual se inscreve a designação do edifício. Nesta fachada
observam-se também dois corpos laterais salientes, tipo torreão,
coroados por frontões onde se inscrevem janelões semicirculares.
Dispensário Rainha D. Amélia (ou de Alcântara) |190-| Rua Tenente Valadim, (este troço está hoje integrado na Av. Infante Santo) Paulo Guedes, in Lisboa de Antigamente |
No
interior a compartimentação é feita através de paredes de alvenaria e
tabique apresentando lambris de azulejo alusivos às funções de cada
espaço. No quadrante Oeste o pavilhão prolonga-se apresentando, ao nível
do piso superior, um terraço virado ao Tejo onde os doentes iam
igualmente para usufruir dos bons ares.
Trata-se assim de um imóvel
de relevante interesse patrimonial onde a configuração arquitectónica se
adequa exemplarmente às funções — cuidados de saúde — algo que na época
era bastante inovador.
Infelizmente hoje o edifício encontra-se em avançado estado de degradação não se sabendo ainda qual será o seu destino. [DGCP]
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