Bemfica (estrada de) principia em sete Rios, indo de S. Sebastião da Pedreira e finda em Santo Antonio da Convalescença, freguezia de Bemfica. [Velloso: 1869]
Este topónimo está ligado à proximidade do Convento de São Domingos de
Benfica. Esta localidade, onde viveu e morreu Frei Luís de Sous, é descrita na sua História de S. Domingos cap. III do livro segundo. Leiamos isto do insigne clássico: «A huma piquena
legua da cidade, pola estrada que corre para Cintra, (...) fica como
escondido, e furtado a communicação da gente hum pequeno valle, que sendo
naturalmente aprazível, por frescura de fontes e arvoredo, mereceo, ao
que se póde crer, o nome que tem de Bemfica. (...) Na ladeira do monte
maior, está situado o Convento, e d'ella se estende com sua cerca até
hir beber no Rio».
Foi no Convento de São Domingos de Benfica que Frei Luís de Sousa professou como frade dominicano, em 1614. Este convento foi reconstruído no século XVII,
parcialmente destruído pelo Terramoto de 1755 e extinto em 1834.
Bemfica, era sítio que, segundo Ramalho Ortigão: «Em nenhum outro lugar de Portugal, se exceptuarmos Sintra, se encontrarão reunidas em tão pequeno circuito, tão lindas, tão históricas, tão anedóticas, tão saudosas quintas.
A antiga e amável povoação de Benfica, ainda que tão decaída hoje da alta importância que teve outrora no conceito, caprichoso e inconstante, da alta sociedade da capital, é ainda assim, no seu tanto, o recantinho suburbano de Lisboa que mais aproximada ideia nos sugere do que é para Roma o prestígio de Tivoli e de Frascati.» [Arte portuguesa, II, 1943]
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Estr. de «Bemfica», 675 | 1961| Boa parte do edificado já se encontra demolido. Artur I. Bastos, in Lisboa de Antigamente |
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Estr. de «Bemfica», 542 |1971| Próximo da Av. do Uruguai Armando Serôdio, in Lisboa de Antigamente |
“O break rodava na estrada de Bemfica: iam passando muros enramados de quintas, casarões tristonhos de vidraças quebradas, vendas com o seu masso de cigarro á porta dependurado de uma guita: e a menor arvore, qualquer bocado de relva com papoulas, um fugitivo longe da collina verde, encantavam Cruges. Ha que tempos elle não via o campo!” (Queiroz, Eça de, ln Os Maias, 1888)
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Estr. de «Bemfica» |1961| Esquina com a Avenida Grão-Vasco. Augusto de Jesus Fernandes in Lisboa de Antigamente |
Nossa, amo essas imagens, tenho impressão que vivi nessa época. Maria
ReplyDeleteTudo era mais bonito! Bem cuidado.
ReplyDeleteVelhos tempos, belos dias!!!💛
ReplyDeleteAinda sou desse tempo....embora não seja alfacinha.
ReplyDeleteA Estrada de Benfica tinha início no Largo de São Sebastião (junto ao Palácio Vilalva) mas não terminava junto ao antigo Convento de Santo António da Convalescença. Terminava sim nas Portas de Benfica, junto à Venda Nova.
ReplyDeleteEm 1869, data do Guia de Queiroz Vellozo, ainda não tinham sido erguidas as Portas que datam de 1886.
DeleteA afirmação de Queiroz Velloso no seu guia, onde diz que a Estrada de Bemfica "inicia em Sete Rios, indo de São Sebastião da Pedreira até Santo António da Convalescença na freguezia de Benfica", além de confusa é contraditória
DeleteIsto porque Santo António da Convalescença, onde estava o antigo convento com o mesmo nome na Estrada (e freguesia) de Benfica, era *antes* de chegar Sete Rios. E São Sebastião da Pedreira por sua vez, já era bem para lá de Sete Rios
Quanta história nessas fotos e as Memórias que despertam! 😮
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