Sunday 10 September 2017

Rua dos Correeiros: Primeira Casa das Bandeiras

Em 1883, António de Almeida Cardoso, após trabalhar como alfaiate em São Pedro do Sul, trouxe a sua arte para a capital e aí abriu a Alfaiataria A. Cardoso na  Rua dos Correeiros, 149-151, vulgo Travessa da Palha. Em 1885, mudou o nome da alfaiataria para Primeira Casa das Bandeiras, passando a dedicar-se quase em exclusivo à confecção de bandeiras. 
A primeira bandeira da República Portuguesa foi confeccionada neste estabelecimento e, actualmente, os seus produtos são vendidos para praticamente todo o Mundo, se bem que já não se bordem os panos a fio de ouro e à mão como chegou a ser tradição. Entre outros clientes, destacam-se o Estado Português, Clubes Desportivos, Bancos, Associações, Municípios, Juntas de Freguesia, Faculdades e a Casa Real Espanhola.

Primeira Casa das Bandeiras [post. 1911] 
Rua dos Correeiros, 149-151
Fonografia anónima, in Lisboa de Antigamente

A Rua dos Correeiros (vulgo Travessa da Palha), que foi destinada aos ofícios de Seleiros — recorda-nos Norberto de Araújo nas Peregrinações — ainda hoje [em 1939] subsistentes —, e que se chamou também da Correaria Nova, e Nova dos Correeiros, deve a designação oral, sobrevivente, à vizinhança com o Largo e Praça da Palha.

Este topónimo foi oficializado pela Portaria pombalina de 5 de Novembro de 1760 que atribuiu denominações às ruas da Baixa lisboeta, entre a Praça do Comércio e a Praça do Rossio, na sequência da reconstrução da zona após o terramoto de 1755 e que é o primeiro diploma que tratou exclusivamente de matéria toponímica:
«Nesta rua he a que fica entre a Rua Bella da Rainha [actual Rua da Prata], e a Rua Augusta, e nella terão arruamento os Officios de Corrieiro, de Seleiro, e de Torneiro.»

Rua dos Correeiros [c. 1911] 
Do lado esquerdo, onde se vê a bandeira portuguesa e o letreiro com o nº. 151, fica a entrada da Primeira Casa das Bandeiras
Joshua Benoliel, in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
Araújo, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 42, 1939.
Arquivo DN e AML

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