Sunday 3 September 2017

O Colyseo dos Recreios e o Elevador de S. Sebastião

O Colyseo dos Recreios  —  no dizer de Alfredo Mesquita  —  é a maior casa de espectáculos que se tem construído em Lisboa. Está situado na Rua das Portas de Santo Antão, próximo da Igreja de S. Luiz Rei de França [refere-se à Igreja de São Luís dos Franceses]. Para a realização do projecto do architeto Goulard, foi necessário fazer naquelles terrenos um desaterro de 16 metros de altura, construindo-se muralhas de suporte que têm 6 metros de espessura
O circo apresenta um grandioso aspecto, podendo comportar 8.000 pessoas, em 110 camarotes, 1.500 cadeiras, duas enormes galerias, um vasto promenoir, e uma muito espaçosa geral em toda a volta do circo. Cobre o edifício uma formidável cúpula de ferro, construída por Hein Lehmann, de Berlim. O palco é de amplas dimensões, e presta-se a ser explorado com peças de grande espectáculo. Em parte do edifício, á frente, está instalada a Sociedade de Geographia de Lisboa, com o seu muito interessante museu colonial e a sua grande sala de conferencias. A inauguração do Coliseo dos Recreios foi no dia 14 de Agosto de 1890, com a opera cómica de SuppéBoccacio, cantada por uma companhia italiana.

Coliseu dos Recreios [entre 1899 e 1901]
 Rua das Portas de Santo Antão
Nesta imagem são visíveis as «calhas» do antigo «Elevador de S. Sebastião».
Fotógrafo não identificado, in Lisboa de Antigamente

Hoje — prossegue o mesmo autor em 1903 —. a grande afluência do povo converge para o Colyseo dos Recreios. De inverno, são os cavallinhos, os acrobatas, os clowns, os animaes sábios, os palhaços excêntricos, as pantomimas, as cantoras de café-concerto, que constituem os atrativos d’aquelle circo. No verão, são as companhias italianas e hespanholas de opera e de zarzuela que lhe proporcionam as enchentes. O alfacinha teve sempre uma viva sympathia pelos circos de cavallinhos, e pelos theatros de canto.

Coliseu dos Recreios, fachada e interior [c. 1890]
 Rua das Portas de Santo Antão
  in Lisboa de Antigamente
Coliseu dos Recreios, cúpula de ferro [c. 1890]
 Rua das Portas de Santo Antão
  in Lisboa de Antigamente

Vem a-propósito lembrar que, episodicamente, correu aqui há quarenta anos [c. 1900] uma linha dupla de viação por cabo subterrâneo» — escreve Norberto de Araújo nas suas Peregrinações — referindo que «Lisboa conheceu ainda uma «Companhia de Viação Funicular» que montou uma única linha — o «Elevador de S. Sebastião» [vd. 1ª foto].
Esta linha dupla de viação por cabo subterrâneo saía do Largo de S. Domingos, junto à caixa do Teatro D. Maria II, e seguia por Santo Antão, S. José, Santa Marta, Largo do Andaluz, Rua de S. Sebastião, até às «portas» de S. Sebastião da Pedreira. Esta iniciativa teve, porém, a duração das rosas: inaugurada a carreira em 15 de Janeiro de 1899, a companhia abria falência em 1901.

Coliseu dos Recreios [1960]
 Rua das Portas de Santo Antão
Arnaldo Madureira, i
in Lisboa de Antigamente

Bibliografia
MESQUITA, Alfredo. Lisboa, p. 622, 1903.
ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XIV, p. 104, 1939.

4 comments:

  1. Boa tarde. Dei hoje com o seu blogue que considero prestar um serviço fantástico a todos que amamos Lisboa e a sua memória.
    Inclui na lista de blogues publicitados no blogue em que escrevo e espero que ajude bastante à divulgação deste arquivo fantástico.
    Obrigado.

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  2. Grat pelo apreço. Posso saber em blogue escreve? Cumps

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  3. Nasci em Lisboa(São Vicente Fora).Sinto-me orgulhoso pela existência deste blogue de excelência,. Sinto, que este movimento da história de Lisboa e da cultura em geral, que dele emerge, me faz renascer a cada momento e já agora, refletir sobre a vida. Este vaivém da vida humana,pela cidade de ontem, mas que paradoxalmente, VIVE! nos entra contemporaneamente e no presente, em nossas casas pela pequena janela da Internet...Será o espirito de Lisboa? Ou a imortalidade da memória? Ou a História na sua incomensurável e eterna laboração. Tudo isto que referi, cabia numa única palavra: Obrigado Blogue...

    Até amanhã ou talvez até já "Lisboa de Antigamente" aqui no blogue.

    Manuel Paula

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