Friday 8 January 2016

O Sitio das Olarias: Ermida do Senhor Jesus da Boa Sorte e Santa Via Sacra

Ora, encontramo-nos, Dilecto, no Bairro das Olarias, o que implica dizer também o sítio dos lagares. São antigos de Lisboa, estes sítios, e arrastam consigo tradições alfacinhas. [...]
«Olarias» — a palavra o diz  — corresponde ao aglomerado de fabricantes de louças de barro, de que esta raiz ou encosta do Monte era fértil. Em toda a Lisboa, mais ou menos, houve sempre oleiros, pintores, cosedores, barristas, azulejistas, artistas e artífices dessa arte tão popular, tão útil e até tão poética de trabalhar o barro, fabricantes de louça vermelha, essa redondilha menor de cerâmica. Duas palavras nos bastam. [...]

 Largo das Olarias [c. 1900]
Ao fundo o Castelo São Jorge
José A. Bárcia. in Lisboa de Antigamente

Os oleiros mais célebres foram os Maias, cujo chefe (Domingos) viveu ainda no século de Camões e de D. Sebastião, e de cuja dinastia um existia há cinquenta e tal anos (1885) em actividade; cumpre citar Agostinho de Carvalho, cujo nome se evoca no dístico da Calçada (1637), e o famoso Romão Duarte, no século passado [XIX].

 Largo das Olarias, 12 [c. 1900]
Sobre a porta existiu até cerca de 1940 um Registo de Santos datado de 1802 do tipo «grinaldas» com três medalhões, sendo o meio com N. S. da Conceição. O bordo inferior do painel assentava na padieira da porta e tinha uma guarnição que a emoldurava
José A. Bárcia. in Lisboa de Antigamente

Presentemente, e desde há três dezenas de anos, das olarias do sitio das Olarias não restam vestígios, sendo delas uma reminiscência, aliás importante, a, já citada atrás, Fábrica da Viúva Lamego, no Intendente, que, encostada à Bombarda, fazia parte da área; em 1885 havia ainda duas ou três olarias na Calçada Agostinho de Carvalho, e que agonizavam no começo do nosso século [XX],¹

Ermida do Senhor Jesus da Boa Sorte e Santa Via Sacra [c. 1900]
 Largo das Olarias
José A. Bárcia. in Lisboa de Antigamente

A ermida do «Senhor Jesus da Boa Sorte e Santa Via Sacra» — diz mestre Castilho — foi começada em 2 de Fevereiro de 1759 e concluída em 1764. A freguesia de São Jorge instalou-se nela em 1770 e daí se transferiu, em 1798, para a ermida de Santa Rosa.
Possui um altar (lateral) único no corpo da igreja, na qual está um grande e famoso Cristo Crucificado, obra de Machado de Castro. No altar-mor há um Senhor Morto, trabalho do pintor Apolinário Pereira e do Escultor Raimundo Costa. Nos nichos laterais tem imagens de São Sebastião e de Santo António.² 
______________________________________________________
Bibliografia  
¹ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. VIII, pp.31-32, 1938.
² CASTILHO, Júlio de, Lisboa antiga, vol. VIII, 1937.

1 comment:

  1. Greetings! I've been reading your web site for some time now and finally got the bravery to go ahead and give you a shout out
    from Atascocita Texas! Just wanted to tell you
    keep up the excellent work!

    ReplyDelete

Web Analytics