Saturday 26 December 2015

Palácio dos Duques de Palmela, ao Rato

O Palácio Palmela, da  Rua da  Escola Politécnica, ou  do  Rato — como é  mais conhecido — apresenta um  semblante enobrecido pelos restauros do século XIX, coisa alguma mostrando do aspecto primitivo que  deve ter  tido no final do século XVIII. O Palácio teve aura aristocrática e mundana nos meados da  segunda metade do  século XIX, mormente desde que foi  restaurado em 1865, e  até  quase ao  final do  século passado. Pode consi­derar-se pelo seu  precioso recheio artístico — o de  maior relevo em  Lisboa — um verdadeiro museu. [ARAÚJO: 1952]

 
Edifício grandioso, de finais do século XVIII, foi projectado em 1792 pelo arqº Manuel Caetano de Sousa. Adquirido em 1823 pelo primeiro conde da Póvoa, Henrique Teixeira de Sampaio, que encarrega a arqº Luigi Chiari de efectuar uma campanha de obras. Dessa fase, resulta o actual aspecto da construção, bem como a capela e a escadaria nobre. Em 1837, por ocasião do casamento de D. Maria de Sousa, irmã do proprietário, com o filho do duque de Palmela, D. Domingos de Sousa Holstein, é despoletada uma nova campanha de obras, centrada na consolidação do andar superior.

Palácio dos Duques de Palmela [c. 1901]
Rua da Escola Politécnica, 126; ao fundo o Largo do Rato, vendo-se a Calçada Bento da Rocha Cabral
A  Fachada Principal é constituída por um  corpo único, com quatro pavimentos, revestidos de  cantaria o  andar térreo e  o primeiro andar, ou  sobreloja, e de  már­more rosa da Arrábida (1902) o  andar no­bre  e  o superior.
Fotógrafo não identificado, in AML

Nos  Jardins vêem-se também bustos e peças de  escultura ornamentais. O Pavilhão Escultórico no jardim (foto abaixo), concebido pelo escultor francês A. Calmels em 1902, assumiu um papel importante na ambiência artístico-criativa da excelente escultora que foi D. Maria de Sousa Holstein, 3ª duquesa de Palmela

Palácio dos Duques de Palmela, jardins [10 de Fevereiro de 1927]
Pavilhão Escultórico no jardim, atingido na sequência da Revolta de Fevereiro de 1927
Fotógrafo não identificado, in AML

A fachada principal, virada a Oeste, compõe-se de um corpo único, onde uma cornija saliente marca a passagem para o último piso. Rasgam-se ao longo desta fachada, janelas de secção rectangular, que ao nível do terceiro e quarto piso (ao centro) são percorridas por varandas com gradeamento em ferro forjado.

Palácio dos Duques de Palmela [10 de Fevereiro de 1927]
Paredes e as árvores caídas na sequência da Revolta de Fevereiro de 1927
Fotógrafo não identificado, in AML

O Palácio sofreu um violento incêndio, em 1981, que destruiu completamente a capela e provocou graves danos no edifício. Os trabalhos de recuperação conseguiram reconstruir o edifício, perdendo-se, no entanto, valiosas obras de arte e muitos dos trabalhos de marcenaria. O edifício e os jardins sofreram danos elevados durante a  Revolta de Fevereiro de 1927, devido ao impacto causado por granadas de artilharia (2ª e 3ª imagem).

Palácio dos Duques de Palmela [c. 1952]
O  portão principal, n.º 126 (reconstru­ção  do começo do actual século), em  altura que  atinge o  andar nobre, emoldurado de cantaria, sobrepujado de  arquivolta, rema­tada por pedra de  armas dos Sousas de Arronches (as  que usavam os  Sousas do Calhariz); ladeando o portão dois hermes monumentais, representando um  o  «Trabalho», outro a «Força moral» (Anatole Calmeis-1902).
Salvador de Almeida Fernandes, in AML

A ladear a porta principal encontramos duas esculturas alegóricas (1902), aludindo à Força Mental e ao Trabalho, da autoria de Anatole Calmels, (ainda não existentes em 1901, como comprova a 1ª imagem) sendo o remate da entrada coroado por um frontão curvo com as armas dos duques de Palmela dos Sousas de Arronches (as que usavam os Sousas do Calhariz). Actualmente encontra-se aqui instalada a Procuradoria Geral da República.

Palácio dos Duques de Palmela [c. 1945]
Rua da Escola Politécnica, ao fundo o Largo do Rato, vendo-se a Calçada Bento da Rocha Cabral
Os muros dos jardins (reconstrução de 1902), ladeando pelo Sul e Norte a frente do corpo do palácio, sobrepujado de ba­laustrada de cantaria (que substituiu a an­tecedente guarda da gradaria) e adornados de vasos também de cantaria (no muro do lado Sul situa-se uma porta, emoldurada de cantaria simples, que dá acesso aos jardins, e sobrepujada pelo brasão do armas).
Eduardo Portugal, in AML

Bibliografia
ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, 1952.
DGPC.

3 comments:

  1. A rua que se vê ao fundo da fotografia "Palácio dos Duques de Palmela [c.1945]" não é a de São Filipe Néri mas sim a Calçada Bento da Rocha Cabral, que vai dar à Mãe d'Água e ao Jardim das Amoreiras.

    26/12/2015 - João Vieira da Rocha

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  2. Palácio imponente numa das ruas da minha infância. Já me tinha esquecido do incêndio de 1981, só me lembrava do incêndio no edifício da faculdade das ciências no fim dos anos 70.

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