Friday 31 July 2015

Palácio Anadia

A Casa Anadia é que ainda está de pé, esse palácio à esquina das Ruas das Amoreiras e de Silva Carvalho (antiga de de São João dos BemCasados), com largo brasão armoriado dos Sás, no alto da fachada. [Araújo: 1939]


O núcleo original do Palácio Anadia remonta ao séc. XVII, correspondendo ao solar da Quinta de Recreio de São João dos Bemcasados. Objecto de ampliações, demolições e remodelações ao longo dos tempos (final do séc. XVII, séc. XIX e séc. XX), somente no 1º quartel do séc. XVIII, esta propriedade foi parar às mãos dos Senhores de Anadia, advindo daí o nome do Palácio. 
 
Aquela quinta e mais duas do mesmo Palhares (a dos Pousos, que chegava a Campo de Ourique, e a do Pé do Mu (por muro?) ou do Fetal, que se prolongava até à cerca do convento das trinas do Rato) — recorda Norberto de Araújo — , foram à praça, por dividas, em 6 de Outubro de 1700, adquirindo-as Francisco Duarte de Almeida e Sousa, bailio do Acre da Ordem de Malta, que delas tomou posse formal em 1706 (papéis do arquivo da Casa Anadia), doando logo casas e quinta de S. João (dos Bemcasados) a seu irmão Aires de Almeida e Sousa. Um descendente deste, Manuel de Sousa e Almeida, casou com D. Violante Engrácia de , filha de Aires de Sá e Melo e de D. Isabel de Melo, Senhores da Anadia, e eis como o solar arrabaldino de S. João dos Bencasados principiou por se ligar aos Anadias.

Palácio Anadia [195-]
Rua Silva Carvalho, 345-347
O Palácio Anadia situado na Rua Silva Carvalho, onde tem a sua fachada principal, e contornando para a Rua das Amoreiras, é ainda uma vistosa edificação de tipo solarengo, valorizada pelo seu alçado nobre e por alguns pormenores interiores. Pode ser considerado um dos poucos. palácios de Lisboa ainda na posse, posto que por linhas indirectas, da família dos primeiros reedificadores. [Araújo: 1950]
Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente
Palácio Anadia [1908]
Rua Silva Carvalho, 345-347
O Palácio Anadia, no antigo sítio de S. João dos Bemcasados, é uma construção setecentista, mas com transformações radicais no decorrer do século passado [XIX]. Contudo o seu núcleo fundamental recua, pelo menos, ao último quartel do século XVII, representado por umas casas nobres, integradas na quinta de S. João, que aqui possuía José Rebelo Palhares, de uma dinastia de comerciantes destes apelidos que se instalaram em Lisboa noprimeiro terço daquele século
. [Araújo: 1950]
Machado & Souza, in Lisboa de Antigamente

Classificado como Imóvel de Interesse Municipal, trata-se de um exemplar de arquitectura residencial barroca palaciana, de planta longitudinal, composto pela articulação de 3 corpos rectangulares, separados por pilastras de cantaria, demarcando-se o corpo central, mais estreito e destacado, no qual se rasga o portal nobre, de verga curva larga, com base de cantaria e guarda em ferro forjado, de finais de Setecentos. Este eixo central surge coroado por frontão triangular com pináculos nos acrotérios e a pedra de armas dos Sás-Anadias ao centro do tímpano. 

Palácio Anadia [1967]
Rua Silva Carvalho, 345-347
Frontão triangular com pináculos nos acrotérios e a pedra de armas dos Sás-Anadias — escudo com o campo enxadrezado de seis peças em cinco palas, tendo no centro, ao alto, um pelourinho (ou coluna coroada dos Colonas?), com coroa condal sob o timbre expresso por um búfalo. [Araújo: 1950]

Augusto Fernandes, in Lisboa de Antigamente

No interior merecem destaque: os silhares de azulejos e pinturas murais do núcleo seiscentista; o programa decorativo novecentista de estuques polícromos da Sala de Bilhar e da galeria do 1º piso; e a actual capela, construída em 1884, que integra alguns elementos da anterior capela de São João dos Bemcasados (demolida para corrigir o alinhamento da rua), nomeadamente a porta de acesso do exterior datada de 1689, o altar em talha e as guardas em madeira entalhada e polícroma, que protegem o coro e o altar, sendo já de finais do séc. XVIII o seu retábulo-mor. (cm-lisboa.pt)

Palácio Anadia, jardins [195-]
Rua Silva Carvalho, 345-347
O antigo jardim e mata, hoje muito reduzidos, são defendidos da rua por um muro, com janela gradeada, que se segue à fachada Nascente, que, contornando a Rua das Amoreiras, fecha a vedação. [Araújo: 1950]
Horácio Novais, in Lisboa de Antigamente

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